tag:blogger.com,1999:blog-46954328024731735552024-03-08T06:34:43.157-03:00LoucurA & LucideZFabihttp://www.blogger.com/profile/16714525040861229664noreply@blogger.comBlogger4125tag:blogger.com,1999:blog-4695432802473173555.post-22774218650147667282012-10-15T21:38:00.001-03:002012-10-15T21:38:20.685-03:00Coerência é para Fóssil - Hilda Lucas - LOLA Ag/2012<br />
<div class="MsoNormal">
<i><span lang="PT-BR">"Tenho
preguiça das pessoas cheias de certezas inabaláveis, verdades inquestionáveis e
convicções imexíveis. Houve uma época em que as invejei: tão seguras e
opinativas. Hoje, elas me espantam...</span></i><span lang="PT-BR"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<i><span lang="PT-BR">Tenho
preguiça das pessoas cheias de gêneros, modelitos e atitudes midiáticas. Houve
uma época em que fui como elas: Datada! Hoje, elas me entediam... É isso,
quanto mais pertencemos a um tempo ou grupo, mais espelho dele somos, mais
produto somos. Meros reflexos, e com o tempo desbotamos ou ficamos obsoletos.</span></i><span lang="PT-BR"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<i><span lang="PT-BR">A vida é
muito curta para ficarmos encastelados em dogmas, entrincheirados em
ideologias, congelados em estilos de vida, opinião e padrões. Inferno, para
gregos, é a eterna repetição, a impossibilidade de transformação e mudança.
Somos livres, curiosos e ousados, senão não evoluiríamos; temos vocação para
novo, somos inconstantes. Não podemos ser sempre coerentes.</span></i><span lang="PT-BR"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<i><span lang="PT-BR">Claro
que temos princípios mestres, raízes profundas, afetos verdadeiros e áreas
nobres que tendemos a respeitar e são grandes catalisadores das escolhas que
fazemos. Claro que temos uma espinha dorsal, que nos dá norte e referência, mas
temos também inquietude e intuição, coragem e desejos. Estamos em movimento.
Não somos fósseis!</span></i><span lang="PT-BR"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<i><span lang="PT-BR">Somos as
tais metamorfoses ambulantes, ensaios, eternos rascunhos, obras inacabadas.
Sendo, somos. Criaturas de nós mesmo, em fazedora, em confecção, em ebulição.</span></i><span lang="PT-BR"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<i><span lang="PT-BR">Somos
muitos, para sermos nós mesmos. E esses muitos, todos esses outros-nós que
coexistem, querem anseiam, comovem-se e gostam de coisas diferentes, distintas,
cada uma a seu tempo e hora, ou mesmo simultaneamente.</span></i><span lang="PT-BR"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<i><span lang="PT-BR">Não se
cobre coerência. Como diria Woody Allen, coerência é o fantasma das mentes
pequenas. Exija-se. Isso sim, experimentação, idas e vindas, mergulhos, voos,
incursões. Tente, acerte, erre, veja, reveja, ou não volte nunca mais.
Encontre-se, perca-se, procure mais uma vez, desista, depois desista de
desistir, desdiga-se, recomece. Sua cabeça é imensa e não é um troféu que você
empalha e pendura na parede, vencido.</span></i><span lang="PT-BR"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<i><span lang="PT-BR">Em nós,
cabe tudo. O concerto clássico, o bolerão, a música Techno. O shopping, o
culto, a biblioteca, o mapa astral, o doutorado. Qualquer tipo de arte, desde
que nos comova. Qualquer tipo de arte, desde que nos comova. Qualquer conversa,
desde que haja troca. Qualquer tribo, trupe, trip ou tropeço desde que nos
estimule, minimamente. Qualquer canto, palavra ou conto, desde que nos traduza.
Pois tudo vale a pena para nossas almas não pequenas. Vamos alternando nossos
humores, bandeiras e fases, porque queremos estar confortáveis dentro das
nossas peles, e dentro das nossas peles somos fluidos, maleáveis e múltiplos.</span></i><span lang="PT-BR"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<i><span lang="PT-BR">A
história do pensamento humano não fala de outra coisa: somos coerentes e
incoerentes – uma hora isso, outra hora aquilo, um pouco disso, um pouco
daquilo, isso e aquilo, não apenas, ou isso ou aquilo. Ser ou não ser. Ser e
não ser. Pensamento é movimento.</span></i><span lang="PT-BR"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<i><span lang="PT-BR">A paixão
é da ordem da incoerência; o amor, da coerência. A aventura e a imaginação são
incoerentes; enquanto a rotina e a segurança são coerentes. O perdão é
incoerente, e o ressentimento, coerente. Patrulhamento, crítica e cobrança são
armas da coerência; liberdade e autonomia são frutos da incoerência.
Incoerentes são a espiritualidade, a ciência e a arte; coerentes, as igrejas,
os tratados e as leis. A educação é coerente; a evolução, incoerente. A morte é
coerente, a vida, absurdamente, incoerente.</span></i><span lang="PT-BR"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<i><span lang="PT-BR">Outro
dia me perguntaram: Você acredita em Deus?. “Depende”, respondi. Tem dias que
sim. Tem dias que não. Tem dias que Ele acredita mais em mim do que eu Nele.
Tem dias que Ele não sobrevive à segunda pergunta; tem dias que só o mistério é
resposta. Tem dias Darwin; tem dias Agostinho. Tem dias que só Freud; tem dias
cânticos. Tem dias que eu me desespero, lúcida e sozinha. Tem dias que eu rezo
para dormir, tem dias que só Dormonid. Tem dias que eu estou inteira, convicta.
Incoerentemente, inteira e convicta!</span></i><span lang="PT-BR"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<i>Pelo Dicionário Houaiss:</i></div>
<div class="MsoNormal">
<i><span lang="PT-BR">Coerência:
s.f. uniformidade no proceder, igualdade de ânimo.</span></i><span lang="PT-BR"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<i><span lang="PT-BR">Fóssil:
s.m. que ou o que perdeu a vitalidade ou a capacidade de crescer ou se
desenvolver, espécie que permaneceu essencialmente inalterada.</span></i><span lang="PT-BR"><o:p></o:p></span></div>
<b><i><span lang="PT-BR" style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Conclusão:
coerência é para fóssil!" - Por Hilda Lucas</span></i></b>Fabihttp://www.blogger.com/profile/16714525040861229664noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4695432802473173555.post-82872910887868524692012-10-09T21:47:00.002-03:002012-10-09T21:47:33.020-03:00Escritos Impublicados - Garota 23<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Arial","sans-serif";"> </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; line-height: 150%; text-indent: 35.4pt;">Ela
sentava na penúltima cadeira da última fileira, perto da janela. Todo dia era
igual... Uma das primeiras a chegar, colocava a mochila cuidadosamente
equilibrada no encosto da cadeira e a empurrava até quase encostar na janela,
abrindo-a num ângulo exato que permitia a vista de um único pedaço imperfeito
de céu azul, sentava e suspirava tirando uma caderneta ou um livro de dentro da
mochila, só largando-os quando o último sinal batia e ia para casa.</span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Arial","sans-serif";">Fim do dia.<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Arial","sans-serif";">Um novo dia.<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Arial","sans-serif";">A rotina se repetia sempre,
os funcionários já a conheciam de longa data; haviam percebido sua diferença
desde o primeiro dia que colocara os pés ali... A garota quietinha que ninguém
mais lembrava o nome... Ela havia dito com certeza e devia estar escrito nos
diários escolares, mas para todos era só a vinte e três... Como eles sabiam?
Hum... Creio que é por que os professores tinham de repeti-lo muitas vezes para
a garota que sentava na penúltima carteira da última fileira respondesse, não
era a toa que todos comentavam que ela vivia em algum outro mundo.<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Arial","sans-serif";">Bate o sinal.<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Arial","sans-serif";">Pega a mochila.<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Arial","sans-serif";">Vai embora.<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Arial","sans-serif";">Volta para a aula.<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Arial","sans-serif";">Ninguém falava com ela, ela
não falava com ninguém... Na verdade, nem sabiam se ela realmente existia... Os
mais novos acreditavam que era que nem a loira do banheiro... Abriam-se todas
as torneiras, sentavam no chão do banheiro com papel higiênico no nariz e
repetiam-se vinte e três vezes o número vinte e três. Funcionava melhor se vinte
e três pessoas fizessem isso ao mesmo tempo as nove e vinte e três.<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Arial","sans-serif";">Loira do banheiro.<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Arial","sans-serif";">O homem do chuveiro.<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Arial","sans-serif";">A Múmia da Freira
Assassina.<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Arial","sans-serif";">A Professora Morta-Viva.<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Arial","sans-serif";">Os
veteranos a consideravam invisível, ou ainda a viam como a guria de tranças que
chegara atrasada no primeiro dia de aula da quinta série, e todos riram quando
errou o chute, mas acertou o sapato... Sabem? Aquelas criaturas que nunca ficam
famosas, populares...? Que nunca conhecem ninguém fora da própria turma? Aquela
que senta no fundo e que os garotos zoam por não ter ninguém? Aquela
criaturinha pequena e de cabeça baixa com os cabelos tampando os olhos que ao
ser chamada lá na frente ficou vermelha, gaguejou, esqueceu o texto e todos
riram? Aquela que não desce quando o sinal toca e sua voz é tão pouca que
lembra o vento sussurrando pelas persianas semi-destruídas da sala de aula.<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Arial","sans-serif";">Diretoria.<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Arial","sans-serif";">Reitoria.<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Arial","sans-serif";">Feitoria.<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Arial","sans-serif";">Torturaria?<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Arial","sans-serif";">Outro
dia a mais... Um igual ao outro, a mesma coisa sempre... Ninguém prestou
atenção, mas ela não tirou nada da mochila, não olhou seu canto de céu nem
mesmo aproximou a cadeira da parede. Ninguém percebeu... Estranharam, ela fora
chamada a diretoria... Lembraram, ela da educação física sempre fugiria...
Riram, ela voltou com a cabeça mais baixa ainda... Gargalharam, a professora
também a bronqueara...<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Arial","sans-serif";"><br /></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Arial","sans-serif";">Calaram.</span><span style="font-family: Arial, sans-serif; line-height: 150%;"> </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Arial","sans-serif";">Pra casa voltaram.<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Arial","sans-serif";">Se desligaram.<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Arial","sans-serif";">Não se sabe exatamente o
que aconteceu... Ela não voltou no dia seguinte, para onde foi? – Vinte e três.
- ? – Vinte e três... - ? – Vinte e três...! - ? – Vinte e três!!!! - ? – Vinte
e três? – ninguém respondeu, a professora estranhando perguntou – Onde está a
garota que senta na penúltima cadeira da última fileira? A vinte e três? –
ninguém sabia responder, a professora que lecionava em mais de cinco escolas e
tinham mais de quinze tempos naquele dia e uns tantos números vinte e três para
se preocupar, nem ligou, deveria de estar doente... Mas uma pulga coçou na gola
de sua camisa até a hora do intervalo...<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Arial","sans-serif";">Bicho papão.<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Arial","sans-serif";">Curupira, oh não...<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Arial","sans-serif";">Cuca que pega;<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Arial","sans-serif";">Velho do saco que leva.<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Arial","sans-serif";">Assim que o primeiro
servente desceu e voltou assustado, a escola parou. Ninguém entendeu exatamente
o que aconteceu, não tinha nada demais acontecendo para aquilo estar lá.
Engoliram em seco, alguém deveria fazer alguma coisa ou pelo menos tirar aquilo
dali... Os sinais bateram, bateram todos os que eram possíveis, mas ninguém
saiu dali... Vinte e três... Talvez fosse a primeira vez que eles realmente a
viram, talvez fosse a primeira vez que ela sorria... Engoliram novamente em
seco sem conseguirem dizer nada...<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Arial","sans-serif";">Vento.<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Arial","sans-serif";">Tento.<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Arial","sans-serif";">Morte.<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Arial","sans-serif";">Norte.<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Arial","sans-serif";">A garota que senta na
penúltima cadeira da última fileira, vinte e três, foi encontrada morta no
pátio da escola. Suicídio, cortou os próprios pulsos nas grades que ficavam nos
muros do colégio, lá no alto, com um sorriso maníaco, lembrando o Coringa do
Batman em uma macabra paródia de cristo crucificado. Não tiraram o corpo ele
ficou ali por muito tempo, tanto tempo...<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Arial","sans-serif";">Verdade.<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Arial","sans-serif";">Honestidade.<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Arial","sans-serif";">Covarde.<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Arial","sans-serif";">Coragem.<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Arial","sans-serif";">Não se sabe se isso é
verdade ou só mais uma lenda urbana que se espalhou do e pelo colégio da Santa
Cruz na rua Tal do Qual em uma cidade Que Ninguém Sabe, mas pode ser alguém que
senta na penúltima cadeira da última fileira perto da janela da sua sala ou o
número vinte e três que nunca desce na hora do intervalo, ou alguém que nunca
fala com ninguém e cora quando é chamado lá na frente.<o:p></o:p></span></div>
Fabihttp://www.blogger.com/profile/16714525040861229664noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4695432802473173555.post-669774674470517822012-10-09T21:26:00.001-03:002012-10-09T21:26:14.761-03:00Escritos Impublicados - Bem-vindos ao meu mundo!<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">Nunca fui de escrever
diários, na verdade nunca consegui escrevê-los. O meu dia-a-dia sempre me
pareceu tão banal em si mesmo que não valia a pena relatá-lo, mas uma coisa
sempre me apaixonou: brincar de criar histórias onde eu ou você pudéssemos ser
qualquer um, herói ou vilão e com isso me apaixonei também pelas palavras, pela
construção frasal rebuscada e sem nexo que borbulhava em minha língua como
champanhe.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">E, sem que percebe-se foram
cadernos inteiros de poesias, contos, crônicas e histórias reais ou
fantásticas, muitos deles incompletos... Outros tantos completos, que, porém,
pareciam nunca estar completamente terminados. Hoje, anos depois que pela
primeira vez rimei versos ou que criei personagens, junto a melhor parte de
tudo que já escrevi e vejo o diário que nunca consegui concluir.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">Cada conto ou poesia aqui
revelado narra a trajetória da minha adolescência nem um pouco distante, narra os problemas,
rebeldias, modas, fases, pensamentos e a, ainda não contada, história dessa
gente que teve de crescer na primeira década do século, que viu guerras tolas
pela TV, vírus incontroláveis varrerem o mundo e teve que aprender a lidar
consigo mesmo.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">Nem todos de nós passamos
pelos anos 2000 do mesmo jeito, mas acabamos sobrevivendo à ele e à nós mesmos;
como toda geração nos surpreendemos com a chegada da liberdade e
responsabilidade que a vida universitária acarreta, mas continuamos caminhando
a fim de nos tornarmos adultos, tal qual o Pedro de um dos meus contos, e ficarmos
obsoletos como os nossos pais. Afinal uma nova geração cresce por aqui e está
criando suas próprias histórias, pena que só iremos reconhecê-las quando eles
já tiverem passado.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<span lang="PT-BR" style="font-size: 12pt;"><div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">Bem-vindos ao meu mundo.</span></span></div>
</span>Fabihttp://www.blogger.com/profile/16714525040861229664noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4695432802473173555.post-10047561596222438722012-10-08T22:20:00.001-03:002012-10-08T22:20:05.403-03:00Sobre como nunca escrevi diários...<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Courier New', Courier, monospace;">Houve um tempo, quando os pré-adolescentes de hoje ainda não tinham nascido, que o Restart usava fraldas, coloridos ainda não eram moda e os emos ainda não tinham surgido que eu mesma fui uma pré-adolescente. E nessa época blogs estavam na moda, e, não, não falavam sobre moda, temas, assuntos sérios ou coisas do tipo... Eram simplesmente diários mesmo. Na internet. Com todo mundo lendo e comentando a vida pessoal dos outros. Sim, tive um desses e, não, não deu certo... Minha vida não é tão interessante assim. Logo depois surgiram os blogs de personagens, onde os nicknames iam muito mais longe, nasciam assim coveiros, bruxas, estrelas sombrias, góticos, roqueiros e muitos outros e com eles os escritores da internet. Sim, fiz parte de vários grupos desses, usei e critiquei gifs piscantes, fiz doll's, enjoei dessa moda, mudava templete todo mês, participava de fóruns e tudo mais.</span></div>
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"><div style="text-align: justify;">
Tudo mais... Mas a gente cresce, as modas mudam e hoje outra geração abre-se nesse mundo, bem mais politizada e debatedora do que aquela que buscava um escape pela internet, hoje nós podemos mudar o mundo. Então eu voltei.</div>
</span>Fabihttp://www.blogger.com/profile/16714525040861229664noreply@blogger.com0